Esse é o primeiro capítulo de uma série que estará disponível aqui no blog, contando um pouco do que foi a primeira atividade jornalística minha e de alguns amigos. Divirta-se!
Há 17 anos dois jovens idealistas realizaram um projeto audacioso na periferia onde moravam: decidiram lançar um fanzine. E hoje, diante de todas as proezas que o computador, os celulares e toda a modernidade trazida pela cibernética é até compreensível que tenha gente que não saiba o que significa fanzine. Segundo o dicionário on line Michaellis:
fan.zi.ne
sm (ingl fan+(maga)zine) Publicação de imprensa alternativa, geralmente dedicada a assuntos musicais e outras manifestações culturais.
Sim, um fanzine destacava assuntos culturais, e no nosso caso, a ausência de espaço cultural era objeto de pauta de nossas matérias. A ideia de lançar um fanzine partiu de Mauro Marcel e de mim que capitaneamos o projeto. Em tempo, nós éramos mais que a média em intelectualidade ( por favor, não comparar com cultura nerd! ) e decidimos pôr esses exercícios de pensamento à prova. Para tanto, precisávamos custear isso. Decidimos então cobrar o jornal, estipulando o valor de R$1,00 ( um real ) o que na época não era ruim, a inflação ainda não era real. Mesmo assim, sempre aparecia alguém que queria o exemplar sem pagar, e quase sempre cedíamos. Cada exemplar continha oito páginas e tudo que vinha escrito ou desenhado era conteúdo próprio.
Obviamente que não estávamos sozinhos nessa empreitada, contamos com a participação de vários amigos nossos. Nessa época um de nossos parceiros viajou para Londres e passou a nos enviar cartas de lá, passou a ser o nosso correspondente internacional. Elio, tenho guardadas as cartas até hoje. Tivemos a participação ainda de Estrela Guevara, da Penélope, do Tonhão e principalmente do apoio moral de um amigo nosso chamado Mingau ( por onde ele anda? ) que já tinha uma fértil experiência na arte de elaborar fanzines.
O Clandestino chegou a receber até correspondências pelo correio! Hoje quase todo mundo utiliza e-mail, ou facebook ou ainda whatsapp. E quando falei sobre os reflexos do regime de exceção que dão poupava repreender comportamentos morais "politicamente incorretos" recebemos até cartas de senhoras que coravam com a figura indecorosa de Patonheta, personagem
quadrinhistico criado por esse que aqui vos escreve! E comparar tal desenho com as letras dos funks que são tocadas hoje nas rádios e nos shows, Patonheta é pinto (!).
Enfim, O Clandestino durou sete números, não houve nenhuma briga ou tragédia quando se deu seu final. Acredito que semelhante a Millôr com seus parcos números do Pif Paf ou mesmo Drummound ao lançar a
Klaxon, O Clandestino deu seus frutos. Elio é um profundo conhecedor da língua inglesa- chegou até a ler Shakespeare no Original. Mauro é um ímpar literato, já tendo lançado livros e ganhado alguns concursos.
Eu continuo por aqui, escrevendo fanzine! Mas com muito mais público, gastando menos dinheiro, com canal Youtube, lecionando nos cursos afora, desenhando, estudando sobre música e me especializando em generalidades. E o melhor de tudo: nós continuamos amigos!
Nos próximos capítulos os fanzines publicados na íntegra acompanhados de um estudo do contexto histórico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário