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sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

O Humor Finíssimo de Millôr e de Veríssimo


O Humor Finíssimo de Millôr e de Veríssimo 

   O humor sempre foi considerado pela elite literária um gênero menor de Literatura, talvez por seu caráter de brevidade e superficialidade na descrição das personagens e ambientes.



 Por outro lado, essa aparente fugacidade está mais atrelada aos veículos onde essa literatura é publicada. Refiro-me a crônica, gênero textual encontrado em jornais, revistas e hoje na internet, nos blogs. 
   No contexto histórico o Brasil da segunda metade do século XX passava por perceptíveis transformações na economia e na sociedade de costumes. Projetos governamentais para minorar o analfabetismo e a busca de modernização  da indústria no país trazida por Juscelino Kubitscheck contribuiam para o aumento de publicações de livros e revistas. A televisão ainda não era um meio de comunicação que atingia grande parte da população, dessa forma o rádio e a mídia impressa tinham destaques capitais no objetivo de formar e informar a sociedade. Uma das publicações de maior notoriedade foi a revista O Cruzeiro que chegou a ter 750 mil exemplares vendidos, um marco para a época. E é  nessa publicação que Millôr Fernandes        ( 1923-2012 ) inicia sua carreira.
   Considerado um dos maiores pensadores no  Brasil contemporâneo. Millôr não  se restringiu apenas a escrever crônicas. Foi artista plástico, teatrólogo, tradutor, desenhista jornalista e dizem até que inventou o frescobol - esporte jogado nas prais o Rio de Janeiro. Ainda sobre suas habilidades, Millôr Fernandes foi influenciado pela poesia concreta de Haroldo e Augusto de Campo, antenado que era com as vanguardas literárias.
 
 A pluralidade das atividades dos escritores atuais é bastante recorrente. Dos contemporâneos de Millôr temos o gaúcho Luís Fernando Veríssimo ( 1936 ) que, dada as proporções do termo, assemelha-se a um multimídia pois além de cronista escreve contos, já escreveu livro de culinária, faz roteiros para diversos programas de televisão, é cartunista, tradutor e ainda é saxofonista nas horas vagas.
   Podemos encontar algumas semelhanças  na literatura de Millôr e Veríssimo. A mais óbvia de todas é que ambos escritores usam do humor e da crônica como formas de expressão. Outro ponto de consonância está explícito quando ambos questionam a língua portuguesa e as palavras em seu sentido concreto como faz Veríssimo em "Sexa" e Millôr com as "composições Infantis". Ainda temos de semelhança o gosto por aforismo- aquelas frase curtas mas dotadas de filosofia e reflexão.

   Se persiste uma resistência de parte dos intelectuais em crer que o humor não agregue motivos para reflexões, é importante citar a grande contribuição que o jornal O Pasquim trouxe para a sociedade brasileira no tempo em que o Brasil atravessava um regime de exceção. Com liberdades estéticas e políticas negadas O Pasquim foi um marco no jornalismo ao driblar a censura com irreverência e crítica. Millôr Fernandes foi um dos principais colaboradores do periódico assim como Veríssimo, este com uma colaboração mais discreta mas tão combativa quanto aquele.

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