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quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Mauricio de Sousa, The Beatles, Turma da Mônica e Eu

   

Mauricio de Sousa, The Beatles, Turma da Mônica e Eu 

  A minha primeira experiência com letramento foi sem dúvida
acompanhando as historinhas da Turma da Mônica, além dos livros de Monteiro Lobato e das revistas em quadrinhos do Pato Donald, muito embora tivesse um apreço especial pelos personagens e roteiros criados por Maurício de Sousa. Quando criança eu lia a mesma revista várias vezes, decorava as histórias, relia em voz alta para as minhas irmãs e depois guardava os gibis como se fossem relíquias, isso nos idos de 1987, data esta em que a Mônica já tinha quase vinte anos de vida nas bancas de jornal. O tempo foi correndo, de modo que passei a ler outros livros, ficcionais e não- ficcionais, conhecer os clássicos da Literatura Universal, adentrar nos textos dos filósofos e tal e coisa... mas ainda assim me restava um tempinho para ler HQs.
Dividia meu prazer pela Arte com música, sobretudo Rock, até um dia ouvir um programa especial em uma rádio paulistana que tocou ininterruptamente por três horas músicas de uma banda chamada Beatles, o que era algo novo para mim. Já ouvira falar do quarteto há tempos, mas nunca parei para escutá-los. Ainda que meu pai tivesse uma vasta discoteca em casa, não tinha nenhum disco do quarteto. Creio eu que os vinis dos Beatles nunca foram os mais baratos, ainda que vivendo no Brasil e seus discos fossem lançados aqui, as gravadoras brasileiras  cobravam o valor dos mesmos em libras! Eram os anos 1970 e a crise do petróleo que ecoava na produção dos discos, cuaj matéria prima era derivada do "ouro
negro". 

    Volta e meia eu sempre me deparava com algumas homenagens aos quatro rapazes de Liverpool nas historinhas da turma da Mônica e me divertia muito. Cheguei a imaginar que seria bem bacana se o Mauricio lançasse o quarteto em gibi, mesmo a banda não existindo mais, até porque esta incrivelmente continua sendo um fenômeno cultural. Até que obtive uma informação precisa sobre esse desejo que não era apenas meu. Mauricio de Sousa realmente pensou em dar vida aos músicos em suas historinhas de forma definitiva. Quando li sua biografia - ( Mauicio de Sousa - A História que Não Está no Gibi - Ed. Sextante, 2017 ) -  nela tem um capítulo espefífico em que o
desenhista comenta sobre os projetos que não deram certo por um motivo ou por outro e ele comenta o episódio. No momento pensei em toda a burocracia que deveria ser contatar a todos os envolvidos nos Beatles, direitos autorais etc e etc... mas não foi tão difícil como se imaginava.
Os estúdios MSP conseguiu entrar em contato com cada  representante dos Beatles, com Neil Aspinall, com os advogados deles e até com a parte de Michael Jackson, haja visto que o cantor detinha alguns direitos sobre as canções do conjunto desde a década de 1980. Depois de muita conversa ficou acordado que se todas as quatro partes envolvidas concordassem ( Paul McCartney, Ringo Starr, George Harrison e Yoko Ono )  o projeto teria prosseguimento. Mas essa decisão teria de ser de comum acordo, ou seja, se alguém se opusesse o projeto seria abortado. E foi o que aconteceu. Detalhe: ninguém soube quem das quatro partes discordou, embora desconfiemos...

    Mais tarde descobri que no final de 1996 a Escola Panamericana de Arte lançou uma exposição intitulada Mauricio de Sousa Impublicado que reunia alguns projetos que haviam sido abandonados ou que viriam a ser reaproveitados nos anos seguintes. Na exposição foi distribuido um folder com alguns esboços desses projetos acompanahdos com textos explicativos. 
   
O que resta aos fãs tanto dos Beatles quanto da Turma da Mônica é vê-los esporadicamente em algumas homenagens ao longo das revistas, e às vezes em histórias inteiras como é o caso da que segue aqui no blog, lançada originalmente na revista Parque da Mônica nº165 ( Editora Globo, setembro de 2006 ). O sonho não acabou mesmo...



































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