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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

O Clandestino: A Série - Parte 3

O Clandestino: A Série - Parte 3


   Dando sequência ao dossiê "O Clandestino", chegamos ao segundo número do jornal, não sem antes apresentarmos um contexto histórico do que acontecia naqueles não tão longínquos anos 2000. Aperte os cintos e divirta-se!



     Contexto

   "O homem é um ser político"-( Aristósteles )- e o que salva a humanidade é que nem todo homem é político-partidário. Quando escrevemos O Clandestino a revolta era a nossa bandeira hasteada. Do nosso amplo campo de visão de estudantes e proletários da metrópole paulistana, atirávamos para todos os lados nossa metralhadora giratória com impropérios às vezes, filosofia e humor sempre. A edição de nosso número 2 vinha ao mundo ao final do ano de 1999 e início de 2000. E, como não deveria deixar de ser, num país de origem católica com grande parte dos fiéis com um "pé na cozinha", o receio do Bug do milênio batia as portas. Muita gente acreditou que a dita data, uma mera mudança num calendário alteraria o funcionamento das redes de computadores. Os mais pessimistas temiam que seria o fim do planeta Terra. Não foi. Ainda!..
   E, como éramos "produtos" do meio, ou agentes e reagentes, nossa óptica anarquista e quiçá de esquerda ( ao menos de minha parte ) era destilada ao periódico, haja vista a citação na capa da edição - ( O clássico da Imprensa Nanica ). Tal alcunha era destinada a toda imprensa alternativa que publicava tudo aquilo proibido pelo regime civil-militar instaurado no país entre 1964 a 1985. Naquele próximo início do século XXI eu lia muito a respeito do assunto de modo que me inspirava, mais por questão estética que ideológica. No fundo, creio ter ficado isso. 
   
O mundo daquele período carregava as mesmas imperfeições do que foi hoje herdado. Tragédias propagadas por malucos em colégio estadunidense matando uma dúzia ( Columbine ). E aqui também tínhamos nossos loucos, como o sujeito que atirou nos expectadores de um cinema em São Paulo. Sequestro era muito comum como foi o ocorrido com Wellington José de Camargo, irmão do cantor Zezé Di Camargo, cativo por mais de um mês. Wellington foi devolvido e teve parte da orelha arrancada.
   Nossa moeda perdia o valor e só o que era realmente Real: a inflação. Fernando Henrique Cardoso teve o pior ano de governo. Quem não queria ver isso era só ir ao cinema para assistir a Central do Brasil que teve a infeliz perda do Oscar. 
   A TV Manchete fechou e entou no ar a Rede TV. Seis por meia dúzia...




   E no jornal...



   Já falávamos de fraudes em eleições, nos vestibulares, loterias, em concursos públicos... e continuamos falando... Ainda que cada um tenha o seu posicionamento político hoje nada ortodoxo, em tempo, todos contestávamos alguma coisa. Em "London Calling",  Elio flerta com o Anarquismo, dando a dica de forma elegante e sutil. 

   Na crônica "Expedientes em Expoente", Fábio Sant'Anna ironiza a grande quantidade de trabalhadores informais e a possível dificuldade do Estado em arrecadar mais impostos com isso, reflexo talvez na reforma previdenciária prevista para ocorrer quase vinte anos depois no Brasil. Profético. 

   E na Coluna Antissocial muita informação, ainda que de forma implcita. Mauro Marcel na primeira fotografia rasga um cartaz de propaganda eleitoral estampada por PauloMaluf em dobradinha com Oscar Schimidt.
A crítica era: que diabos um jogador de bola tem que ver com política? Mal esperávamos Tiririca e quejandos vindouros...  Não conseguimos encontrar a foto original. Queima de arquivo? Vamos investigar...

    E ainda tem mais na coluna! Na periferia na década de 1990 era corriqueiro batidas policiais, tanto que naturalmente estávamos próximos dos membros da corporação, para o bem ou para o mal. E foi num acesso de ironia que pedimos ao policial que tirássemos uma fotografia conosco como se fôssemos "apreendidos". E não é que o servidor aceitou?! Duvido que hoje ele aceitaria e que nós pediríamos tal favor. 
   Detalhe: a estampa da camiseta da moça da foto é do MST, mais uma alusão ao que era tachado como "baderneiro" e "subversivo" -(  e ainda é )- semelhante a um famoso sequestro de um empresário não menos famoso em que os meliantes supsostamente vestiam a camisa de um certo partido político. Tsc, tsc, tsc...





  
 Temos a indefectivel verve literária de Mauro Marcel nos poemas "Loucura" e "Ode Aos Derrotados". Em "Me Ensina a Ser Humano" o espírito socialista libertário de Fábio Sant'Anna e em "O Corpo Fala" outra faceta de Sant'Anna usando como inspiração Millôr Fernandes. 
   


   Fora outras observações ao seu alcance, fica um especial agradecimento a professora Cláudia, Valéria Brito, Hatiro Antunes, Camila Pires, Mariane, Leo, Penélope, Miguel Paiva, Lene Monteiro, Mário Narazaki, Estrela Guevara e todos os não citados mas não menos envolvidos nesse projeto. 


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