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segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Vamos Todos à Bienal do Livro Para não Ler


   Iniciou nesse sábado, 23 de agosto a 23ª Bienal internacional do Livro em São Paulo, lá no Anhembi como todo mundo sabe.  E digo “todo mundo” dada a multidão que pude acompanhar quando fui ao evento no domingo último. Chega-se a conclusão de que se o brasileiro não lê pelo menos livro ele compra.  Não que eu tenha nada contra a sociedade de consumo e nem hasteio aqui a bandeira em favor do meio ambiente e das árvores que são mortas em detrimento da produção de folhas de papel para a confecção de livros, até porque também sou um ávido consumidor que certamente tem muito mais livro que não leu em casa do que o contrário.

   Na verdade acredito até que a sociedade brasileira lê bem mais hoje do que há vinte anos. Também aqui não está se levantando a questão da disseminação de analfabetos, muito porque o analfabetismo funcional vigora para a tristeza geral. Falo do consumo de Literatura e tal Arte tem o sentido muito mais amplo. A gente pode falar de Machado de Assis, E. L. James, J.R.R. Tolkien, R. R. Soares – kkk -, Jô Soares, Shakespeare, Mauricio de Sousa, Cordel e colocar tudo num mesmo pacote. Mas quando falamos de uma sociedade industrial e de consumo tudo se torna mercadoria e perfumaria, e com a Literatura não seria diferente.
   Livros campeões de vendas geralmente são trilogias, quadrilogias em que cada tomo nos toma um tremendo tempo para lê-lo pois cada um geralmente é composto de trezentas páginas. Tudo bem, até reconheço que os romances russos nunca foram curtos mas são ROMANCES RUSSOS, assim mesmo, em letras garrafais.  Os meios de comunicação cibernética, as redes sociais nos computadores, o hábito de se escrever e receber e-mails, o twiter, o facebook e os blogs como esse em que esse texto é postado são grandes responsáveis pela produção escrita de nosso tempo, que por hora pode não ser duradoura, apaga-se como se deleta os spams, mas daqui a alguns anos será essa literatura que será objeto de estudo de nossa língua e de nossa produção artística do idioma.
   E porque ter que cobrar de um país que tem quinhentos anos e que sociedade letrada não passa pouco mais de duzentos? A Literatura produzida e distribuída aqui na nossa Pindorama deu-se através do José de Alencar e seus colegas de movimento romântico literário lá em meados do século XVIII. Tomemos como exemplo de comparação com a Europa, o velho mundo cuja formação de estados enquanto nação dá-se nos séculos X, XII. Para se ter uma ideia na Inglaterra tem-se uma Universidade denominada New College datada de 1300! Quantos séculos deverá ter o Old College?  Até e questão climática beneficia o cidadão europeu a desenvolver o hábito da leitura. Em frios homéricos onde a neve impede até a pessoa a sair de casa o que fazer se não ler? Claro que estou me referindo a outros tempos em que não se exista computador nem televisão. Ma s tais hábitos são culturais, são cultivados pelo tempo. Aqui no Brasil basta aparecer um feriado prolongado que o Brasileiro desce pra praia e a única coisa que lê é o mapa para consultar qual o caminha mais rápido ao litoral.
      Por outro lado admiro a juventude que vê no escritor um pop star e o cultuam como se assim o fosse.
Hoje Mauricio de Sousa e Ziraldo representam muito mais a infância e juventude do que Monteiro Lobato, o que é louvável pois tem criança que mal sabe o que é uma galinha, o que dirá de um sítio. O problema é quando as personalidades do mundo da moda ou da música por exemplo se apropriam do mundo das letras e lançam livros e se dizem filósofos. Quando me deparei com a multidão seguindo o cantor de Funk Melody
chamado Naldo Benny me perguntei o que o mesmo estava fazendo ali na bienal e se a mesma estava inovando com shows de música. Não era nada disso. Naldo lançava um livro que disseram que ele mesmo escrevera. É importante defender o direito de ele e de qualquer um escrever um livro mas é mais importante ainda frisar que isso não faz da celebridade sinônimo de filosofia a colocarmos no mesmo panteão de Marilena Chauí ou Mário Sérgio Cortella só para citar algum exemplo.

No mais fica a dica de que a Bienal é um espaço muito mais dedicado à venda de livros do que a promulgação de debates, na minha estreita visão. Mesmo os livros vendidos lá não estão com descontos em relação aos mesmos que são encontrados pelas livrarias afora. Em suma a Bienal é uma feira de livros onde todas as editoras fazem a festa com a diferença de que lá você pode encontar o escritor de quem você é fã, aguardar numa fila quilométrica mais ou menos duas horas, receber seu livro autografado e até falara de Literatura...

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