
Na verdade acredito até que a sociedade brasileira lê bem mais hoje do
que há vinte anos. Também aqui não está se levantando a questão da disseminação
de analfabetos, muito porque o analfabetismo funcional vigora para a tristeza geral.
Falo do consumo de Literatura e tal Arte tem o sentido muito mais amplo. A
gente pode falar de Machado de Assis, E. L. James, J.R.R. Tolkien, R. R. Soares
– kkk -, Jô Soares, Shakespeare, Mauricio de Sousa, Cordel e colocar tudo num
mesmo pacote. Mas quando falamos de uma sociedade industrial e de consumo tudo se
torna mercadoria e perfumaria, e com a Literatura não seria diferente.
Livros campeões de vendas geralmente são trilogias, quadrilogias em que
cada tomo nos toma um tremendo tempo para lê-lo pois cada um geralmente é composto
de trezentas páginas. Tudo bem, até reconheço que os romances russos nunca
foram curtos mas são ROMANCES RUSSOS, assim mesmo, em letras garrafais. Os meios de comunicação cibernética, as redes
sociais nos computadores, o hábito de se escrever e receber e-mails, o twiter,
o facebook e os blogs como esse em que esse texto é postado são grandes responsáveis
pela produção escrita de nosso tempo, que por hora pode não ser duradoura,
apaga-se como se deleta os spams, mas daqui a alguns anos será essa literatura
que será objeto de estudo de nossa língua e de nossa produção artística do
idioma.
Por outro lado admiro a juventude que vê
no escritor um pop star e o cultuam como se assim o fosse.
Hoje Mauricio de
Sousa e Ziraldo representam muito mais a infância e juventude do que Monteiro
Lobato, o que é louvável pois tem criança que mal sabe o que é uma galinha, o
que dirá de um sítio. O problema é quando as personalidades do mundo da moda ou
da música por exemplo se apropriam do mundo das letras e lançam livros e se
dizem filósofos. Quando me deparei com a multidão seguindo o cantor de Funk
Melody chamado Naldo Benny me perguntei o que o mesmo estava fazendo ali na bienal e se a mesma estava inovando com shows de música. Não era nada disso. Naldo lançava um livro que disseram que ele mesmo escrevera. É importante defender o direito de ele e de qualquer um escrever um livro mas é mais importante ainda frisar que isso não faz da celebridade sinônimo de filosofia a colocarmos no mesmo panteão de Marilena Chauí ou Mário Sérgio Cortella só para citar algum exemplo.
No mais fica a dica de que a
Bienal é um espaço muito mais dedicado à venda de livros do que a promulgação
de debates, na minha estreita visão. Mesmo os livros vendidos lá não estão com
descontos em relação aos mesmos que são encontrados pelas livrarias afora. Em
suma a Bienal é uma feira de livros onde todas as editoras fazem a festa com a
diferença de que lá você pode encontar o escritor de quem você é fã, aguardar
numa fila quilométrica mais ou menos duas horas, receber seu livro autografado
e até falara de Literatura...
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