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domingo, 6 de janeiro de 2013

Ateu Em Um Ato

 
 
Mil lenços para meia lágrima
E eu não vou chorar
Ela quer me ver assim
O mundo anseia Hécules vivo
Nego eliminar leões
Minhas lágrimas já secaram
E a turba ainda insiste
Todos carentes de heróis
Precisam de alguém vivendo/morrendo
Para e pelos seus devaneios
Pois sacrifício é o caminho perfeito
E ausência de exposição a vereda do mal
 
Mil lenços para meia lágrima
Num  tempo remoto
Derramei lágrimas e meia
Mas futuro me espreita
Em ter olhos vivos sem miopias
Para enxergar esforços vãos
Posturas obsoletas de samaritanos
A consertar o mundo
E quebrar a si
Em minha línguas não há Papas
Meu vocabulário, até limitado
Desconsidero compromissos com desvalidos
“salve-se quem puder” as vezes fala-me alto
E assumo meu infinito “eu”
E garanto o meu egoísmo
Dizia minha mãe:
Em terra de murici, cada um...
Mas e daí?
Eu não vou chorar
Nem por mim, nem por ti
Nem por ficar ou por partir
 
 
Muitos lenços para meia lágrima
São vários lenços, matizes variados
Cada qual estende os braços
Para ouvirem no porvir
“ o discurso do sofrimento”
De que quase esmaeci ao relento
E só assim houve alento
“o fácil é o certo”, chinês provérbio
E não sigo pelo espinhaço
Desvio se posso
Num universo onde relativizam bem e mal
Tudo pode ser lícito
Aos olhos de quem vê o Real
 
Mil lenços para meia lágrima
E a santa pôs-se em cena
Se ela chora, eu rio
E querem me crucificar!
O tempo urge para eu passar
Pelos torvelinhos que a sociedade acredita
Buscam paz, contudo apregoam
Mister haver guerra para valorizar
Todo o amor vindouro
 
Pouparei nome aos bois
São tantos... Vós sois!...
Livre quero estar disso tudo
Meus “predicados” virão
De braços dados:
Descrente, cínico, louco, aproveitador
Espero não me alcunharem de “santo”
Quando em meu gargalhar rolar um pranto
 
Mil lenços para meia lágrima
Talvez venha verter alguma
De riso, de siso
A responsabilidade par i passu parece inexistir
Mas trago acordo comigo mesmo
De não viver a esmo
Preciso fomentar conceitos
Denunciar nossa pobreza e abnegação
No fundo, fica-se cada vez mais distante
De nossa própria progressão
Acha-se “nobre” o pobre
Bota-se fé no crucifixo
Pregam a crença na parede
E deixam-se cair na rede
 
Mil lágrimas por um lenço
Acho que fiz alguma pessoa chorar
Enfim, encontrei um pretexto
Para o derramar de minhas lágrimas
Se esse texto fizer
Um pobre diabo pensar
 

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