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terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Juventude Tresloucada

    
   Prestes estava de somar trinta minutos que Dinho permanecia no banheiro. Cléia, sua irmã, mostrava-se irritada pois desejava banhar-se. No entanto, dado momento o toilete era exclusivo do distinto irmão. Ressabiada, Cléia incompreendia a demora de Dinho dentro daquele ambiente.Uma vez que o rapaz não demonstrava nenhuma dor de estômago ou qualquer mal do intestino;tampouco ele tomava banho. Dinho entrou no banheiro alegando ir fazer xixi, embora a irmã duvidasse. Do quarto Cléia bradou em direção ao banheiro:

   -Dinho, que demora é essa aí dentro?

   O jovem,quatorze aninhos, nada de responder. O que provocou a investida de Cléia:

   -Pela segunda vez Dinho, que raio de demora é essa aí no banheiro?

   Oposto à primeira vez, Dinho replicou:

   -Ah, não enche o saco!

   Cléia emudeceu. O que faria Dinho no banheiro para ocupar tanto tempo? Ela ignorava a resposta. E longe de obtê-la proferida pelos lábios do irmão, começou ela mesma a tentar encontrar alguma resposta, imaginando coisas. Ação que qualquer cristão (ou pagão) faria caso estivesse em seu lugar.Repentinamente surgiu uma hipótese. Ouviram rumores de que adolescentes da idade de Dinho costumavam martubarem-se frequentemente. Tão logo envergonhou-se em imaginar que seu irmão cometia tal ato trancado ali naquele recinto. Contudo, o pudor exagerado de Cléia se desfez, afinal Dinho é um garoto normal, semelhante aos de sua idade. Sente emoções e frustrações como qualquer rapagote. Então por que duvidar de que Dinho sentisse também desejos sexuais? Ato normalíssimo.

   Revestiu-se Cléia novamente de tranquilidade, embora remanescessem ainda a repressã que fez ao irmão a interrogá-lo minutos antes. Procurou esquecer sua degradante conduta. E conseguiu.

   Já aliviada, nem notou o tempo se esvair, tempo que durou mais de dez minutos quando por definitivo o irmão desocupou a casinha da água (WC). Dinho retirou-se de lá livre de maiores desconfianças. Calmo e taciturno, assim foi ele a cozinha. A irmã percebendo sua saída tomou em mãos a toalha, a touca protetora de cabelos, o sabonete de glicerina e o escovão de banho, entrando assim no banheiro. Dentro do cômodo notou que Dinho esquecera lá uma revista. Longe de ser uma “Playboy” ou qualquer revista que trouxesse fotografias de mulheres nuas. Simplesmente uma revista de história em quadrinhos. Nada mais que um gibi.

   Cléia estranhou não se tratar de uma revista pornográfica. Talvez tivesse então imaginado coisas erradas a respeito do comportamento do irmão. Fosse o que fosse chamou por sua presença:

   -Dinho!!

   -Fala! Algum problema?

   -Você esqueceu este gibi aqui dentro.

   -Ah, que distração a minha! Sabe, é que costumo ler no banheiro.

   O rapaz pegou zelosamente o exemplar e saiu. Cléia retornou ao banho que tanto custava a se realizar, porém de assalto sua mente pôs-se a imaginar. Associou o irmão ao referente gibi. Refletiu. Em seguida indagou consigo mesma:

   -Será possível que Dinho tenha fantasias sexuais com.... a “Mônica” ?

 

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